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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

PODER E BELEZA



A beleza é um poder difícil de ser administrado. Eu já vi meninas lindas que não precisaram lutar por quase nada, porque a beleza abria portas e mais portas para elas. Só precisavam aprender um vocabulário básico, não muito limitado, ter alguns pensamentos e ideias comumente usados em elevadores e barzinhos e pronto: podiam concentrar toda a energia restante em academia, roupas, maquiagem, caras, bocas e poses. Mas o tempo passa e a beleza escorre devagarinho pelas mãos, como areia fina. E viver uma vida em função de um poder que será inevitavelmente perdido pode ser uma coisa muito perigosa. Quem se apega demais à beleza normalmente discrimina e repudia em silêncio a velhice. Só não diz isso abertamente porque é feio, é politicamente incorreto. Mas morre de medo de perder seu único poder. O que será da pessoa que pensa assim, que desperdiça dia a dia a chance de desenvolver qualidades resistentes ao tempo? Simples, meus amigos. Essas pessoas terminam se detestando, detestando o tempo em que vivem e se refugiando em memórias. Passam por um dos processos mais dolorosos que eu conheço na alma humana: a perda irremediável da autoaceitação. Tornam-se sombras do que foram e concentram o resto de suas energias no encalço de ouvidos que escutem suas glórias passadas, mendigando atenção. Quando cai a noite, já em suas camas, não conseguem dormir. São obrigadas a ouvirem uma voz aguda gritando dentro da mente que a vida terminou antes da hora e a amarga sensação de que tudo poderia ter sido diferente.


Alexandre Caprio
Agosto de 2013

2 comentários:

  1. Saõ pessoas que não aceitam o curso natural da vida ...

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  2. São pessoas orientadas erroneamente, portanto não investem na beleza interna...

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