Visitas à pagina

quarta-feira, 2 de maio de 2012

IDENTIDADE POSITIVA

Fonte: participação de Alexandre Caprio em matéria publicada pelo Jornal Diário da Região (São José do Rio Preto/SP), jornalista Francine Moreno, em 02/05/2012 
http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Divirtase/Comportamento/92530,,Identidade+positiva.aspx


Comportamento
› Autoestima
São José do Rio Preto, 2 de Maio, 2012 - 1:56
Identidade positiva

Francine Moreno


Lézio Jr.
Mulheres com a imagem distorcida de si mesmas


Logo após sair do confinamento, a ex-BBB Monique Amin procurou um cirurgião plástico. A gaúcha, que teve diversas crises de autoestima durante o reality show, fez lipoaspiração no abdômen e mamoplastia, além de levantar o bumbum e o nariz. Agora, a bela mulher, que engordou alguns quilos no programa e várias vezes falou sobre a insatisfação com o próprio corpo, já se sente confiante para trabalhar, colocar biquíni e roupas coladas ao corpo.

O comportamento de Monique é muito comum, principalmente hoje, em que ter o corpo perfeito, magro, pele lisinha e cabelos impecáveis é supervalorizado, o que resulta em padrões de beleza distorcidos e mulheres com autoestima lá no pé. Segundo a psicóloga e psicoterapeuta Rosana Zanella, muitas mulheres se sentem obrigadas a ter o corpo perfeito para se enquadrar nos padrões determinados de certa forma pela mídia. “Quando não fazem parte desta imagem de perfeição, sentem-se inferiores.”

E diferente da atitude de Monique (que recorreu à intervenção cirúrgica para se sentir confiante e bela), é preciso mudar a postura, criar uma olhar mais realista do corpo e destacar seus pontos fortes, “aceitando a própria identidade e assim viver na sociedade com confiança em si mesma”, diz Rosana.

Para dar a volta por cima, é preciso aceitar o problema e reverter a situação. Uma primeira atitude é abandonar o discurso “coitadinho de mim”. A pessoa se vê como vítima de tudo e de todos. Com isso, torna o progresso de uma discussão quase impossível. Alega sempre coisas do tipo: “tudo bem, a culpa é sempre minha mesmo, ou ainda “eu só atrapalho” e “se eu não existisse, tudo seria mais fácil para você”.

Pessoas com baixa autoestima também não podem afogar as mágoas comendo, principalmente porque há uma grande chance de desenvolverem compulsões. A compulsão alimentar e a por compras são as mais praticadas no universo feminino. “Muitas mulheres comprometem seriamente seu orçamento e podem tornar-se inadimplentes, o que aumenta ainda mais a sensação de fracasso pessoal”, afirma Alexandre Caprio, psicólogo cognitivo comportamental.

A baixa autoestima, quando não tratada, pode eclodir como ansiedade, depressão, anorexia e bulimia nervosa. A sensação de ser menos atraente e, por conseguinte, facilmente substituível é a fórmula básica do ciúme. “A autoestima é inversamente proporcional ao ciúme. Isso transforma os relacionamentos em verdadeiras guerras, porque a mulher sempre se sente ameaçada”, revela Caprio.

Culpar e acusar o parceiro torna-se frequente, até que o homem se cansa e termina a relação. “Os fracassos amorosos reforçam a crença inicial (sou feia) e reafirmam o complexo de inferioridade, agravando ainda mais o quadro e acentuando os transtornos já existentes”, afirma Caprio. A vida profissional também sofre interferência.

“Extremamente sensíveis a críticas, essa pessoa enxerga o apontamento de uma falha do chefe como um suplício, o que pode gerar descontrole emocional.” A forma mais eficaz de se estimular a autoestima é por meio da identificação de pensamentos automáticos negativos e crenças.

“Dificilmente isso pode ser feito sem auxílio profissional. A psicoterapia cognitivo-comportamental é focada nesse tipo de identificação. O paciente é estimulado a registrar seus pensamentos, emoções e comportamentos para que consiga perceber a forma como sua mente responde ao ambiente”, afirma o psicólogo.

A vítima precisa descobrir as crenças e confrontá-las. “Trata-se de desaprender o que foi aprendido na infância e adolescência e recriar os conceitos a partir da uma ótica analítica e dedutiva.” Essa reconstrução, segundo Caprio, faz com que a mulher passe a perceber e apreciar sua beleza natural, vantagens e aptidões, desvinculando-se da visão tendenciosa que tinha até então.

“Com isso, um movimento inverso passa a acontecer. Aceitando-se, os níveis de ansiedade caem, assim como o ciúme”, afirma. Consequentemente, a mulher aprende a valorizar seu corpo e sua mente, exercitando-os e desenvolvendo-os com maior eficiência. Essa saúde física e mental reflete em todas as esferas, aumentando seu foco no trabalho e melhorando as relações sociais.

“Sem os medos antigos, o relacionamento torna-se estável, pautado em diálogo e respeito”, afirma Caprio. “A pessoa passa a planejar melhor seu futuro e adquire a consciência de que a autoestima é precursora de outro sentimento muito importante para nós: a autorrealização.”


Fortalecimento começa na infância

A autoestima deve ser construída ainda na infância, a partir da relação com os pais. Danielle Laporte, autora do livro “O Despertar da Autoestima - de 0 a 6 anos” afirma que as crianças constroem sua percepção de mundo e de si mesmas a partir das experiências do dia a dia e do exemplo dos gestos dos pais, que são considerados modelos de conduta e personalidade. Se desde os primeiros meses de vida os filhos forem estimulados a ser autoconfiantes e positivos, a formação de uma boa autoestima será uma consequência natural.

De acordo com o psicólogo cognitivo comportamental Alexandre Caprio, pais devem ficar alertas quando dizem que o filho é feio no lugar de dizer que o que ele fez foi feio. “A princípio, as crianças consideram os adultos seres absolutos, munidos de todos os conhecimentos e verdades que existem. Se um filho escuta seus pais o chamarem de feio, ele aprenderá que é feio. Com o tempo, isso poderá se transformar em uma crença tão forte e profunda que passará a ser sentida (e não mais pensada) como verdadeira.”

Já na adolescência, por exemplo, uma garota terá sérios problemas ao se comparar com as colegas de sua idade. “A crença incubada em sua estrutura mental a fará perceber com maior facilidade aspectos positivos das outras meninas enquanto nota aspectos negativos em si. A isso, damos o nome de atenção e memória seletiva, isto é, a pessoa apenas captura e memoriza as informações compatíveis com seu repertório e suas crenças”, afirma Caprio.

Danielle Laporte afirma que os pais precisam trabalhar a autoestima em seus filhos com atitudes e palavras, mas sobretudo conservando constantemente no espírito seis palavras: prazer, amor, segurança, autonomia, orgulho e esperança. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário