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domingo, 3 de maio de 2015

Artigo de Alexandre Caprio "A FELICIDADE NÃO SE COMPRA", Jornal Diário da Região (São José do Rio Preto/SP), publicado em 03/05/15

Domingo, 03.05.15 às 00:02 / Atualizado em 03.05.15 às 00:02

A felicidade não se compra

Alexandre Caprio
Alexandre Caprio psicólogo
Alexandre Caprio é psicólogo cognitivo-comportamental
Não é difícil encontrar pessoas que estejam focadas em criar alguma estratégia para ganhar dinheiro. Procuram a fórmula certa para resolver seus problemas e comprar a tal felicidade. Mas há um grande mal entendido quando se fala de dinheiro. Enquanto ele não é desfeito, o esgotamento e a frustração são - grande parte das vezes - os únicos prêmios a serem conquistados. 
Dinheiro é consequência, não causa. Enquanto o dinheiro for seu foco principal, dificilmente conseguirá ter paciência e paixão para desenvolver uma profissão que o torne acessível. Não é possível se motivar pelo dinheiro, porque dinheiro é só uma medida de poder. Você pode se motivar por tudo que ele traz. Pode se motivar com a lancha que ele compra, com o carro, o apartamento e com as viagens que pode fazer através dele, mas não com ele em si. Parece a mesma coisa, mas não é. 
As pessoas que objetivam dinheiro não conseguem desenvolver técnica e paciência para se tornar boas em nada. Ficam pulando de galho em galho tentando encontrar a galinha dos ovos de ouro. Tratam como ídolos aqueles que, com uma ideia simples, conseguiram enriquecer. Admiram a obstinação de homens que lutaram por suas causas por anos, mas não conseguem resistir por semanas em um negócio ou estudo. Sempre acabam pensando que estão perdendo tempo, que existe uma forma mais fácil de se alcançar o dinheiro. Tornam-se pouco persistentes e investem pouco nas estradas que escolhem. Querer resultado, independentemente da trajetória, leva o indivíduo a mudar repetidamente de atividade, sem se tornar realmente bom em nada. 
O melhor atleta não é aquele que objetiva a medalha, mas sim aquele que curte cada movimento que realiza. O melhor profissional não é aquele que quer ficar rico, mas aquele que aprecia e se diverte com a profissão que escolheu. De nada adianta achar que a advocacia o fará rico - e portanto feliz - se você detesta litígio, evita petições e tem horror a burocracia. Jamais conseguirá ser um bom advogado, terá sucesso ocasional nos tribunais e passará longe de ser reconhecido, social e financeiramente. 
A vida nos apresenta alguns paradoxos curiosos. Para amar uma pessoa, você não pode depender dela, porque dependência emocional não abre espaço para o amor. Uma pessoa só encontra o amor verdadeiro quando consegue se sentir bem sozinha. Se precisa estar sempre com alguém, não interessa quem, provavelmente estará com a pessoa errada quando a certa passar. Portanto, a necessidade de estar acompanhado diminui a chance de permanecer acompanhado. Poder, respeito e dinheiro seguem a mesma regra. Se você precisa se sentir respeitado, há muito mais chance de se tornar uma pessoa autoritária do que alguém com autoridade. E, por fim, se você só quer o dinheiro, dificultará seu acesso a ele, porque o reconhecimento só acontece quando você oferece diferencial, quando olha para a jornada e não para a chegada. 
Não há diferencial sem paixão, sem identificação real com aquilo que se faz. Enquanto você desprezar a corrida, será desprezado pela medalha. Mas quando se apaixonar pelo movimento, pela estrada e pelo vento no rosto, se tornará o melhor, e a consequência do sucesso - o dinheiro - simplesmente surgirá. Quando, em seu momento de descanso, perceber as medalhas bem ali, ao seu lado, alinhadas e disponíveis, entenderá que elas não trazem a felicidade, mas representam a felicidade. Então você sorrirá, sentirá a paz inundar seu coração e perceberá que a vida nunca pareceu ter sido tão simples.

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