Visitas à pagina

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

MÃES TRABALHADORAS DEVEM DEIXAR A CULPA DE LADO

Fonte: participação de Alexandre Caprio em matéria publicada pelo Jornal Diário da Região, São José do Rio Preto/SP, jornalista Francine Moreno, edição de 19/09/2012:
http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Divirtase/Comportamento/109946,,Maes+trabalhadoras+devem+deixar+a+culpa+de+lado.aspx 


Comportamento
› Heroína real
São José do Rio Preto, 19 de Setembro, 2012 - 1:24
Mães trabalhadoras devem deixar a culpa de lado

Francine Moreno

Edvaldo Santos
Cintia Sotini trabalha e cuida do filho Gabriel; ela garante que o menino é sempre prioridade
Está complicado dividir o tempo entre a carreira e os filhos? Se você sofre com essa situação, saiba que não está sozinha. Estudos nacionais e internacionais comprovam que muitas mulheres também enfrentam esses conflitos e, em muitos casos, precisam escolher entre as crianças e o sucesso na profissão. Muitas delas estão insatisfeitas com o tempo destinado à família e outra parcela já abriu mão de um salário maior para diminuir a jornada de trabalho.

O dilema feminino tem aumentado diariamente porque também cresceu a presença feminina em escritórios e grandes empresas. Hoje, com habilidades e percepção diferenciadas, as mulheres exercem cargos de liderança e são maioria nas universidades. Antes humilhadas, tratadas como objetos e usadas para fins reprodutivos, agora elas garantiram os mesmos direitos que a lei garantia ao homem.

O problema é que, ao lutar pela igualdade, as mulheres acabaram tendo de dar conta até de uma tripla jornada de trabalho. E para a grande parcela delas, passar o dia inteiro fora, trabalhando, é motivo de culpa. Mas, a psicologia tenta acalmar o coração delas revelando que é importante que os filhos se sintam amados e seguros, que entendam que a mãe vai voltar após o trabalho e que a estabilidade financeira pode trazer mais tranquilidade ao lar.

Mas como se tornar uma mulher bem resolvida na prática? Kátia Ricardi de Abreu, psicóloga clínica e organizacional especialista em análise transacional, afirma que para manter harmonia em casa e no trabalho é preciso aceitar que não dá para ser perfeita. “É preciso desistir de ser a tal mulher maravilha, saber delegar, distribuir as tarefas domésticas e não se fazer escrava do lar. A praticidade da vida moderna ajuda muito.”

A mãe e profissional precisa entender, de uma vez por todas, que é preciso fazer escolhas - que podem até ser sofridas, mas necessárias. Quando a escolha é cuidar da carreira juntamente com o papel de mãe, é necessário se preparar. “O que é o melhor para ela é o que a mulher quer de verdade. Não adianta ficar 24 horas com os filhos e infeliz, pensando que poderia ser uma profissional realizada, e não adianta ser uma excelente profissional e não dar o mínimo de atenção e suporte para os filhos. Então, tudo depende da cabeça de cada um.”

O fardo de exercer múltiplos papéis não tem que ser só da mulher. “A vida do casal tem decisões e ações compartilhadas. Caminhamos ao lado de nosso cônjuge. Não sobre ele e nem sob ele. Todos devem participar da construção familiar e ter o seu papel definido. O homem pode ajudar na limpeza da casa, compensar a ausência da mãe, estar presente em reuniões de pais e mestres e muitas outras coisas. Amigos, tios, irmãos sempre podem ajudar”, afirma o psicólogo cognitivo-comportamental Alexandre Caprio.

A tecnologia é outra aliada da mãe profissional. Muitas mães monitoram seus filhos em casa por meio da localização via GPS de seus celulares. Algumas empresas de segurança oferecem um diferencial de monitoramento doméstico, que permite conexão e visualização das dependências da casa por meio da internet. “Podem, com isso, se conectar a qualquer terminal do trabalho para dar uma espiada nos filhos em casa. Com isso, sentem-se mais seguras e confiantes, e podem continuar a perseguir seus sonhos e metas profissionais sem culpa de ser feliz”, afirma Caprio.

Kátia Ricardi de Abreu afirma que é necessário ser flexível e tentar ter certo jogo de cintura com a rotina. “Cada dia é um desafio, cheio de surpresas. Quando a pessoa pensa que vai descansar no final de semana, o filho pode ter uma febre e necessita cuidados especiais. Por outro lado, os filhos crescem aprendendo a conviver com todas as limitações que as mães têm decorrentes das suas carreiras”, afirma a psicóloga.

É também essencial pedir ajuda. Seja contratar uma babá, o auxílio da mãe ou uma amiga. Isso quer dizer ter uma estrutura com plano A, B e C. A empresária Cintia Sotini, 28 anos, é uma mulher consciente de que precisa de colaboração.

Mãe de Gabriel, 7 anos, Cintia administra uma empresa familiar durante o dia e à noite faz faculdade de Direito. “A rotina é cansativa, mas consigo conciliar. Independente do que tenho que resolver, o Gabriel é assunto que sempre vai prevalecer. Quando ele tem que estudar para uma prova, eu tento faltar da faculdade para ficar com ele. Tudo para que ele não seja prejudicado.”

Cintia conta com a ajuda da mãe, Fátima, na rotina. “A escola dele fica ao lado da casa da minha mãe e isso facilita na questão logística. E quando ele não está na escola, ele fica sob os cuidados dela.” Para ela, mãe que trabalha fora sempre acha um tempo para o filho. Ontem por exemplo, Gabriel passou a tarde no escritório com Cintia.

Pontos positivos

Para a psicóloga Kátia Ricardi de Abreu, as mulheres precisam entender que hoje elas são mais respeitadas após essa independência financeira. A independência aumenta a sensação de capacidade e faz com que ela se sinta mais valorizada dentro e fora de casa.

Uma mulher desempregada, por exemplo, pode ter momentos de instabilidade e insegurança. “As mulheres independentes são mais respeitadas pela sociedade e já têm os modelos positivos das próprias mães, que também saíram para trabalhar. Esta geração de hoje é fruto das mães que geraram filhos trabalhando”, afirma.

Não seja traída pela cobrança interna

Mulheres que dividem seu tempo com a carreira e a família, geralmente, são tomadas pela culpa e tentam compensar sua ausência comprando tudo o que podem para os filhos ou atendendo seus desejos sem contestação. E isso é algo bastante ruim. “Esse comportamento tem criado uma geração de jovens mimados e ansiosos, que desconhecem o valor do dinheiro”, afirma o psicólogo cognitivo-comportamental Alexandre Caprio.

Para conciliar as duas funções sem criar um prejuízo na formação da criança, é preciso controle da permissividade. “Compensar o filho atendendo a todos os seus desejos é uma deseducação que, embora alivie a cobrança interna, gera efeitos ruins e, muitas vezes, permanentes no desenvolvimento da criança”, afirma o psicólogo.

O especialista diz que os filhos mimados tornam-se cada vez mais exigentes e intransigentes, e acabam sendo isolados dos amigos por não saberem respeitar a opinião alheia. “Indisciplinados, aprendem que tem apenas direitos, atribuindo os deveres apenas aos outros. É importante que deixemos claro que casos como esse não estão associados à vida profissional da mulher, mas sim à formação e educação dada aos filhos”, afirma Caprio. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário