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terça-feira, 21 de outubro de 2008

MAMÃE NAMORA

Fonte: participação de Alexandre Caprio em matéria publicada pelo Jornal Diário da Região (São José do Rio Preto/SP), jornalista Cecília Dionizio, em 21/10/2008
http://www.diarioweb.com.br/noticias/corpo_noticia.asp?IdCategoria=4&IdNoticia=114415



Ciúme
Mamãe namora
São José do Rio Preto, 21 de outubro de 2008 
  Orlandeli/Editoria de Arte  

Cecília Dionizio


Sentimento de confusão é o que, em geral, afeta mães e filhos diante da possibilidade de um novo namorado para a mulher que até então esteve apenas no papel de mãe. Se existem normas para contar ao filho/a que a mamãe arrumou um namorado, ninguém sabe dizer, contudo para o psicanalista Miguel Ângelo Yalente Perosa, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a regra de ouro, nesses casos, é aceitar que o filho tenha ciúme. “O ciúme é normal. Mas é preciso dizer que o coração é uma casa grande onde cabem muitas pessoas queridas. E que o lugar de filho está garantido para sempre, que ninguém irá substituí-lo no afeto e na convivência com a mãe”, diz.

Na prática, contudo, a situação tende a ser um pouco mais dramática, conta a assistente social S.B., 38 anos, que após dois anos separada de seu ex-marido, vivendo só com as filhas Ana Carolina, de 10 anos e Vânia Mara de 13 anos, decidiu que já era hora de seu namorado vir morar com ela. “Mesmo com todo o preparo de campo e com a ajuda de profissionais especializados elas se rebelaram e não me olhavam na cara por dias. Só quando deixei bem claro que apesar de amá-las muito, não ia abrir mão de ser feliz, foi que passaram a tolerar mais a presença dele em nossa casa. Mas no começo não tinham pudores em ser mal educadas e fazer tudo quanto é birra”, diz. Segundo o psicanalista Miguel Perosa, o fato é que antes da mãe aparecer com um namorado, os filhos já fizeram de tudo para reunir pai e mãe, novamente, e se ela já deixou claro que a reconciliação não era possível, então é lidar com as cenas de ciúme, aceitando a sua ocorrência a cada episódio. “Importante ter um tempo de convivência com o filho, exclusivo dele e dentro do seu mundo de faz-de-conta.

Brincar, estudar junto, assistir aos filmes infantis com ele/a, entre outros. Enfim, cuidar da relação com o filho, mostrando que ela é única”, afirma. Se a mãe sentir culpa por estar feliz com outra pessoa, que não o pai da criança, isto pode fazê-la fraquejar diante do primeiro obstáculo ou pressão dos filhos. Daí, saber o que o pediatra e psicanalista seguidor de Melanie Klein, Donald Winnicot afirma em suas obras: “os seres humanos têm disposição inata para relacionamentos e comunicação: somos sensíveis às expressões faciais, reagimos a elas”, tudo ficará mais fácil. Até porque, para especialistas em comportamento, hoje é imprescindível dar início a um novo relacionamento, sem que isto seja motivo para guerras e conflitos indissolúveis entre filhos, mãe e/ou a família. Quando se aborda a questão do ponto vista da mulher, não quer dizer que apenas as mulheres passem por este tipo de dificuldade, a de encarar o drama de apresentar uma outra pessoa ao filho/a.

Contudo, se é mais fácil ou difícil vai depender muito da maturidade desse casal, de acordo com o psicólogo cognitivo comportamental Alexandre Caprio, de Rio Preto, que concorda num ponto: “filhos não devem ser enganados. No momento do rompimento, os ânimos normalmente podem estar exaltados. Mas o filho é um ponto em comum entre os dois e eles podem – e devem - agir em conjunto pelo bem da criança”, diz. Além disso, Caprio afirma que tudo fica melhor quando se sabe exatamente o que se passa. “Se a separação for omitida ou mentida, podem haver efeitos mais complicados ainda, como a perda da confiança nos pais. Ambos devem conversar com os filhos, explicando a eles que a intenção é melhorar a qualidade de vida de todos e que, dessa forma, poderá haver um fortalecimento na relação ao invés da aparente ruptura que eles podem perceber no momento”, finaliza.

Unir autoridade e respeito
Entre as cerca de 130 mil mulheres brasileiras separadas, só em 2006, não faltam mães que se vêem ‘pisando em ovos’, sem saber qual é a melhor hora e tempo para inserir uma nova pessoa em sua vida. Segundo o psicólogo riopretense Alexandre de Caprio, de fato não existe um tempo considerado igual para todas as pessoas. “Os motivos que levaram ao rompimento variam e a situação emocional da mulher também. É difícil manter racionalidade em situações assim, mas acredito que a dica principal seja escolher alguém por afinidade e não por alguma dependência momentânea ou permanente”, diz. Por outro lado, o psicólogo alerta que de nada adianta fazer proibições à criança, do tipo: ‘este é meu namorado e você não pode se queixar’, sem explicar os motivos é ser autoritário.

Fazer a criança entender o porque de determinadas regras e explicar que aquilo é para o bem de todos é ter autoridade. “A criança respeita quem tem autoridade e admira pai e mãe que sejam assim”, diz. Caprio diz que a criança é um espelho. “Ela tratará a mãe da mesma forma como é tratada. As crianças entenderão seus limites, desde que se expliquem as razões deles existirem sem impor de forma drástica e dizer as célebres palavras “você é pequeno demais para entender isso”. Frases como essas, assim como outras, criam abismos entre pais e filhos. “Tudo pode ser explicado, se usadas a abordagem e as palavras corretas. Respeitar a criança é educa-la para respeitar a todos, a começar por você”, diz.
   

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